1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

domingo, 13 de maio de 2012

O SANTUÁRIO DE MINHA AVÓ

                                                                   Imagem: Internet

“Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto” (Raquel de Queiroz)

Existe coisa melhor do que ter avó? Duvido seriamente.

Hoje eu não tenho mais minha avó... Ou melhor, há tenho bem aqui comigo, guardada num canto todo especial da memória.

Minha avó Tereza era uma mulher bem brasileira, jeitosa, levemente vaidosa, gostava de viajar, visitar os parentes, era uma boa anfitriã que recebia todo mundo bem, amante da cantoria nunca faltava um violeiro em sua casa, definitivamente uma mulher de muita fé. Tinha hora marcada para rezar (apesar de eu achar que ela estava sempre rezando).

Sábia e eficiente na pedagogia catequética instruiu os próprios filhos no caminho religioso, segundo os relatos de minha mãe e minhas tias, a partir dos cinco ou seis anos, ela começava ensinado o sinal da cruz, depois a Ave Maria, o Pai Nosso, e o Credo, passando pelo salve Rainha, o Ato de Contrição até chegar á ultima pergunta do catecismo.
Acho que é por causa da minha avó que eu gosto tanto de estudar história, de preservar as coisas do passado, de me apegar às coisas que parecem não ter importância, digo isso porque ela se apegava as coisas como uma colecionadora, pois, lembrava quem tinha lhe dado, e em que data que tinha adquirido tal objeto: potes, rosários, relógios de paredes, broches, terços, pentes, perfumes, rádios (isso aos 84 anos) tudo era valoroso, nada era descartável.  

Seu santuário é uma das coisas mais bonitas que já vi na vida, de madeira boa, sua acabada arte resiste ao tempo, hoje ele está em minha casa, muito embora seja eu um sujeito que não reze muito, todo dia olho para ele quando passo, e uma imagem em especial me chama a atenção, é uma que representa Jesus Crucificado, um presente de sua mãe na ocasião de seu casório (ganhar presentes era a maior alegria de vovó, principalmente se fossem santos), pois, essa imagem hoje possui um aspecto bem antigo, e trata-se de uma peça feita à mão, artisticamente esculpida na madeira. Tal escultura tem no mínimo 150 anos de existência – segundo meus cálculos imprecisos - e um valor sentimental, de fato, incalculável. 

Avó é relíquia, não tem dinheiro que pague...


 Bruno Paulino é Graduando em letras pela Feclesc/UECE.
Cordenador do Projeto Papo Cultural promovido pela ONG IPHANAQ.
 
Escreve aos domingos como colaborador na categoria O SERTÃOEM PROSA





1 comentários:

Parabéns pelo artigo e pela valorização da memória do passado (das pessoas e das coisas). Que Deus te ilumine sempre em suas leituras e em teus textos cheios de Vida!