Gibão,
perneira, peitoral, chinelo e chapéu de couro. Este é o figurino do
grupo A Rainha e os Vaqueiros, que vem realizando shows por onde passa,
usando o aboio como forma de retratar os sons e ritmos cearenses,
intercalados com contos, ‘causo’, versos, poesias, toadas, trechos de
cordéis e músicas de Luiz Gonzaga. Mas o figurino não é cênico. É a
vestimenta que os artistas usam no dia a dia. Afinal, são
vaqueiros-aboiadores, que durante anos de cavalgada já cantaram com
Manoel Messias, Padre Tula, Fagner e em especial com o Rei do Baião.
O
grupo, que tem como rainha Dina Martins, a Mestre da Cultura “Dona
Dina”, mergulhou no universo da cultura dos vaqueiros e, após um longo
tempo de pesquisa oral, criou o show “Aboios – O Som do Sertão”.
Serão seis apresentações até o final do ano em cinco cidades: Quixadá
(17/11), Sobral (04/12), Crato (07/12), Fortaleza (13 e 14/12) e
Canindé, em data a ser confirmada.
O show
Ao
som de chocalhos, entra no palco Chico Water, representante dos
vaqueiros. Em meio à poesia, convida os seus amigos e companheiros de
luta, os vaqueiros-aboiadores, Hidelbrando, um mestre na sanfona, e o
seu regional de zabumba e triângulo. Juntos, interpretam a música de
abertura.
Em
seguida entra Dona Dina, que completa a cena para uma sequência de dez
músicas, que são fruto de uma pesquisa sobre o cancioneiro popular dos
vaqueiros-aboiadores, baseadas em suas vivências e em poesias que
admiram, em especial, do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.
O
show não se prende apenas ao roteiro musical. Os aboiadores artistas
utilizam o improviso e interagem com o público, deixando evidente uma
das propostas do grupo, que é de preservar o caráter natural do homem do
campo.
A AVABOCRI e o PROJETO
A
Associação dos Vaqueiros, Boiadeiros e Pequenos Criadores da
Microrregião dos Sertões de Canindé (AVABOCRI), fundada por Dina
Martins, desenvolve um trabalho há mais de 40 anos, de resgate,
preservação e valorização da cultura dos vaqueiros. Estes vêm se
apresentando livremente desde 1971, quando aconteceu a primeira missa
dos vaqueiros, dentro da programação da maior festa franciscana da
América Latina, que é a Festa de São Francisco das Chagas de Canindé.
Atualmente a Associação tem 350 sócios.
“ABOIOS
– O Som do Sertão” começou em 2007, quando a primeira versão deste
projeto da AVABOCRI foi vencedora do III Edital de Incentivo as Artes,
na área de música - categoria montagem de show, da Secretaria da Cultura
do Estado do Ceará (SECULT). Pela primeira vez na história cearense era
realizado um show musical composto somente por vaqueiros–aboiadores,
tendo sido apresentado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
(Fortaleza), no Festival de Música da Ibiapaba (Viçosa do Ceará) e na
Festa de São Francisco das Chagas de Canindé, para um público superior a
400 mil pessoas.
Em
2012, como vencedor do Edital Mecenas na área de música, para a
circulação do show e ampliação, e com o patrocínio da Coelce, o projeto
ressurge renovado, com novo espetáculo e abrindo caminho também para a
formação de jovens e adolescentes por meio da inclusão digital.
Para
o novo show, o grupo continuou com a pesquisa musical, focando nas
canções de Luiz Gonzaga. Foi também a oportunidade de homenagear o Rei
do Aboio e do Baião, representante maior desta cultura. Neste processo,
nasce o desejo de fazer uma homenagem àquele que conseguiu transformar
dor em alegria, música em poesia e que foi o expoente maior do sertão. O
show tem direção geral de Fernanda Gomes e direção de arte de Clébio
Viriato.
MATÉRIA PUBLICADA NO PORTAL REVISTA CENTRAL
1 comentários:
Maravilhoso trabalho de pessoas comprometidas com a cultura do povo nordestino. Lamento Quixeramobim não receber esse espetáculo. Conheci Dona Dina quando ela esteve aqui por ocasião do último Festival de Trovadores e Repentistas que aconteceu em nossa Cidade. Ela e o nosso Mestre Piauí são os primeiros Mestres da Cultura do Sertão Central. Que bom que Mestra Dina, uma mulher de força que honra as sertanejas, tem espaço para mostrar sua riqueza na arte popular, entoando aboios em defesa da cultura deste reino de seu Luiz Lua Gonzaga.
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