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quarta-feira, 13 de março de 2013

QUIXERAMOBIM COMEMORA DIA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO

Ariano Suasuna visitando acasa onde nasceu  Antônio Conselheiro (Foto: Arquivo osertaoenoticia.com)

Texto escrito no jornal O Povo pela escritora Angela Gutiérrez que será homenageada nesta quarta-feira, 13, juntamente com Audifax Rios e Antônio José Simão com a comenda Antônio Conselheiro em Quixeramobim.

 UM PÁRVULO VAI NASCER!
- Que Deus lhe dê uma boa hora! Alguém lhe teria dito? E aguardava sua hora. Talvez pedisse a Deus para nascer um menino. Ajudaria o pai. Se pediu, foi atendida. Antônio nasceu em 13 de março, há 183 anos, e batizou-se em maio, na Matriz de Quixeramobim. No momento em que a água batismal caía sobre sua cabeça, os pais, os padrinhos, o vigário, padre Domingos Álvares Vieira, imaginariam que o párvulo, após feito homem, atrairia amor e ódio exacerbados? Que, um dia, todo o país saberia de sua existência? Que, por ele, homens, mulheres e crianças morreriam? E matariam?

É possível que o menino de quatro anos tenha intuído que a presença do padre em sua casa era sinal de desgraça – a perda da mãe que via deitada, doente. Certamente não lhe teriam explicado que ela casava, naquele momento, in articulo mortis, com o pai dos filhos, Vicente. Maria Joaquina deixaria a vida sem passar pelo aperreio de saber que seu filho por pouco não morrera afogado. Como contaria, mais tarde, o amigo do menino, João. João Brígido. Mas também não conheceria o orgulho de ver Antônio estudando latim e, muito menos, sentiria a tristeza de saber que seu menino era maltratado pela madrasta.

Reconheceria o menino no homem angustiado, cheio de dívidas herdadas do pai e humilhado pela traição da mulher, Brasilina? E no peregrino, de camisolão azul e longa barba, que se embrenhara pelas terras da Bahia e de Sergipe, levando num saco as Horas Marianas, a Missão Abreviada, o Lunário Perpétuo e, na cabeça, a ideia de construir Jerusalém no sertão? À frente de séquito, cada dia mais numeroso, seria difícil encontrar o menino de sua mãe sob a figura austera de Antônio Conselheiro.

No entanto, em janeiro de 1897, já derrotadas duas expedições contra seu arraial de Belo Monte, e enquanto esperava novos ataques de forças do governo republicano, Antônio Conselheiro, ao terminar o manuscrito de suas prédicas e reflexões, assume-o com seu nome de menino de Quixeramobim - Antônio Vicente Mendes Maciel.

Angela Gutiérrez
angela_gutierrez@uol.com.br
Escritora, membro da Academia Cearense de Letras, doutora e pós-doutora em Letras

1 comentários:

eu orgulhosamente como um, entre muitos decendente mais próximo da familia maciel que honrosamente tenho este descendente como um exemplo de homem de carate, fico feliz e orgulhoso e ao mesmo tempo parabenizo todos os que estão reescrevendo a história que era até então esquecida e etenizando este este ilustre filho de nossa cidade.