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Ariano Suasuna visitando acasa onde nasceu Antônio Conselheiro (Foto: Arquivo osertaoenoticia.com) |
Texto escrito no jornal O Povo pela escritora Angela Gutiérrez que será homenageada nesta quarta-feira, 13, juntamente com Audifax Rios e Antônio José Simão com a comenda Antônio Conselheiro em Quixeramobim.
UM PÁRVULO VAI NASCER!
- Que Deus lhe dê uma boa hora! Alguém lhe teria dito? E aguardava
sua hora. Talvez pedisse a Deus para nascer um menino. Ajudaria o pai.
Se pediu, foi atendida. Antônio nasceu em 13 de março, há 183 anos, e
batizou-se em maio, na Matriz de Quixeramobim. No momento em que a água
batismal caía sobre sua cabeça, os pais, os padrinhos, o vigário, padre
Domingos Álvares Vieira, imaginariam que o párvulo, após feito homem,
atrairia amor e ódio exacerbados? Que, um dia, todo o país saberia de
sua existência? Que, por ele, homens, mulheres e crianças morreriam? E
matariam?
É possível que o menino de quatro anos tenha
intuído que a presença do padre em sua casa era sinal de desgraça – a
perda da mãe que via deitada, doente. Certamente não lhe teriam
explicado que ela casava, naquele momento, in articulo mortis, com o pai
dos filhos, Vicente. Maria Joaquina deixaria a vida sem passar pelo
aperreio de saber que seu filho por pouco não morrera afogado. Como
contaria, mais tarde, o amigo do menino, João. João Brígido. Mas também
não conheceria o orgulho de ver Antônio estudando latim e, muito menos,
sentiria a tristeza de saber que seu menino era maltratado pela
madrasta.
Reconheceria o menino no homem angustiado, cheio de
dívidas herdadas do pai e humilhado pela traição da mulher, Brasilina? E
no peregrino, de camisolão azul e longa barba, que se embrenhara pelas
terras da Bahia e de Sergipe, levando num saco as Horas Marianas, a
Missão Abreviada, o Lunário Perpétuo e, na cabeça, a ideia de construir
Jerusalém no sertão? À frente de séquito, cada dia mais numeroso, seria
difícil encontrar o menino de sua mãe sob a figura austera de Antônio
Conselheiro.
No entanto, em janeiro de 1897, já derrotadas
duas expedições contra seu arraial de Belo Monte, e enquanto esperava
novos ataques de forças do governo republicano, Antônio Conselheiro, ao
terminar o manuscrito de suas prédicas e reflexões, assume-o com seu
nome de menino de Quixeramobim - Antônio Vicente Mendes Maciel.
Angela Gutiérrez
angela_gutierrez@uol.com.br
Escritora, membro da Academia Cearense de Letras, doutora e pós-doutora em Letras
1 comentários:
eu orgulhosamente como um, entre muitos decendente mais próximo da familia maciel que honrosamente tenho este descendente como um exemplo de homem de carate, fico feliz e orgulhoso e ao mesmo tempo parabenizo todos os que estão reescrevendo a história que era até então esquecida e etenizando este este ilustre filho de nossa cidade.
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