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terça-feira, 8 de junho de 2010

LIMPEZA DE RIO CAUSA POLÊMICA EM QUIXADÁ


Ambientalistas, em Quixadá, protestam contra desobstrução de leito e vizinhança exige retirada de matagal

Quixadá. A limpeza do Rio Sitiá, único manancial a cortar a área urbana do Município de Quixadá, está causando discussão entre moradores e ambientalistas. O serviço está sendo realizado a pedido das famílias ribeirinhas. Para elas, além de insetos e muita sujeira, os arbustos servem de esconderijo para os marginais. Os defensores da natureza concordam, mas reprovam a forma como está sendo feita a desobstrução do trecho entre o Sítio Monte Lima e a ponte metálica, no Bairro da Baviera. Aterros irregulares e dejetos de esgotos domésticos pioram a situação.
Para o presidente do Instituto de Convivência com o Semiárido, ambientalista Osvaldo de Andrade, trata-se de um retrocesso no reflorestamento das margens do Sitiá. Sem a mata nativa o processo de assoreamento do rio se acentuará ainda mais. Quando um inverno mais rigoroso chegar muitos bairros serão inundados. As casas de quem mora na beira do rio serão as primeiras. A única maneira de evitar os alagamentos é preservando as espécies naturais. Elas evitam a erosão do solo e mantém o curso das águas.

Advertência

De posse de uma notificação do defensor público Júlio César Matias Lobo, o ambientalista seguiu até o local onde a retroescavadeira estava trabalhando. O responsável pela máquina foi advertido a continuar o serviço somente após reunião com o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma), Joaquim Neto. De acordo com Andrade a reunião ainda não ocorreu, a limpeza seria embargada, todavia, as margens do rio não foram mais afetadas.
Resta agora o replantio de uma tamarineira. A árvore estava tombada em uma das margens do córrego. Havia caído com as chuvas do ano passado. A erosão foi a responsável por seu tombamento. Mesmo assim ainda sobrevive. Por esse motivo o ambientalista acredita que a espécie secular, com aproximadamente 200 anos de vida, poderá sobreviver. No entanto, será preciso abrir uma vala e usar a própria retroescavadeira para colocar o tronco de pé. A árvore pesa toneladas.
"Essa árvore será o símbolo da resistência e da conscientização de nossos jovens sobre a importância de preservar o nosso meio ambiente. Caso não resista, uma proteção será construída no contorno de seu tronco. Ali, professores e estudantes poderão se reunir para discutir os problemas ambientais da cidade", enfatizou Andrade, enquanto colocava uma bandeira negra nos galhos da planta demonstrando preocupação com o desmatamento irregular.

Discordância
Os moradores ribeirinhos, dentre eles a aposentada Maria Augusta Praxedes, discordam do ambientalista. Para ela, umarizeiras, aroeiras e toda a vegetação espalhada no curso do Sitiá tomaram o espaço do leito. Proprietários de terrenos vizinhos realizaram aterramentos irregulares e até barraram o curso das águas. "A sorte é que não costuma chover muito por aqui. Qualquer gotinha a mais é motivo para alarme. Mas quando cair água para valer esse rio vai mostrar a sua força novamente", comentou a moradora.
O titular da Seduma, Joaquim Neto, lamenta os danos causados ao meio ambiente. Ele também discorda da forma como o trabalho estava sendo realizado. Segundo o secretário municipal, a equipe de limpeza foi orientada a podar e não a arrancar as árvores erguidas nas margens do rio. A desobstrução do leito é importante, mas deve ser realizada de forma responsável. Agora, pretende solicitar a avaliação dos danos, por meio de um técnico especializado, provavelmente da Semace. "Em seguida, faremos o replantio nas áreas desmatadas. Os benefícios para a nossa população serão reconhecidos no futuro", completou ele.

Fique por dentro
Rio Sitiá
O Rio Sitiá tem sua nascente no Serrote do Urubu, na cadeia montanhosa da Serra do Estevão, no distrito de Custódio, a 26km do Centro de Quixadá. É um afluente do Rio Banabuiú, onde desemboca a cerca de 80km no curso do mar. Durante o século XVIII os primeiros colonizadores atingiram uma parte do Sertão Central cearense seguindo o leito do Sitiá. Com essas expedições fundaram aglomerados que deram origem ao Distrito de Sitiá em Banabuiú, à cidade de Quixadá e ao Distrito de Custódio. Em toda sua extensão é represado por dezenas de barragens sendo a principal delas a do Açude do Cedro. Logo mais abaixo, cerca de 70% dos dejetos de esgotos de Quixadá estavam sendo despejados nele, mas aos poucos o rio está sendo revitalizado com as obras do Sanear II.

MAIS INFORMAÇÕES
Eduma
Município de Quixadá
Sertão Central
(88) 3414.4688


Alex PimentelColaborador
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE

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