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terça-feira, 22 de março de 2011

IMPASSE EM RESERVATÓRIO

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Agricultores utilizam o entorno do açude para plantio de hortas. A proibição da Cogerh vai dificultar a vida dos moradores da região, que dependem da atividade
FOTO: ALEX PIMENTEL

A utilização de área de vazante no Açude Pirabibu está gerando impasse entre Cogerh e população ribeirinha
QUIXERAMOBIM
 Agricultores e pescadores deste Município reclamam das restrições impostas pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) para utilização das vazantes do Açude Pirabibu. Os trabalhadores rurais alegam não poderem cultivar legumes, hortaliças e grãos, principalmente milho e feijão, nas margens do reservatório público. Segundo eles, a proibição está prejudicando as duas categorias. A primeira, sem terras para plantar. A segunda, teve as atividades paralisadas por conta da piracema. O período de defeso do peixe segue até o fim de abril.

De acordo como o presidente da Colônia de Pescadores Z-56, Armando Alexandre de Sousa, apesar do auxílio do Governo, pagando o salário mínimo por cada mês de defeso, muitos necessitam de renda complementar para sustentar suas famílias. A alternativa é o uso das vazantes, onde eles pescam. Com a proibição da Cogerh, podem até passar fome. Como a prática tem sido habitual ao longo dos anos, não concordam com as medidas. Querem utilizar as faixas de terra úmidas do açude.

Representando os agricultores da Comunidade Fausto Aprígio, da Vila de Algodões, a 5km do Pirabibu, o líder comunitário Airton Carneiro não se conforma com a proibição. Ele critica a Cogerh, alegando terem recebido arames da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), justamente para cercarem os lotes. A cerca poderá ajudar a evitarem a poluição do reservatório público. Segundo ele, a comunidade, juntamente com a Colônia de Pescadores Z-56, solicitaram da Semace fiscalização no sentido de coibir o salgamento de peixes e fabricação de carvão, dentre outras irregularidades, no entorno do açude.

Tanto o líder dos agricultores como o representante dos pescadores demonstraram disposição para reunirem seus grupos com técnicos dos órgãos oficiais no sentido de receberem noções de preservação ambiental. Todavia, atribuíram as irregularidades a pessoas de fora da região. Armando de Sousa afirma que o Pirabibu foi invadido por mais de 200 pescadores. Vieram de cidades próximas como Choró, Canindé e Quixadá, como também de regiões mais distantes como Madalena, Guaiúba e até Irauçuba e Varjota, no norte do Estado. Para Sousa e Carneiro, compete à Semace, Ibama ou à Polícia, impedi-los.

Os problemas foram discutidos recentemente no auditório da Cogerh, em Quixeramobim. De acordo com a gerente da Bacia do Banabuiú, Telma Pontes, somente após a definição dos da regulamentação e elaborada pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh) será possível definir qual área poderão utilizar. Os estudos estão sendo feitos. Devem estar concluídos em julho. Até lá, o plantio está proibido na faixa ribeirinha do reservatório. "Não posso liberar o uso dessas terras senão estaremos nos apropriando do que pertence ao Governo", justificou ela.

Acerca das vazantes, a gerente regional da Cogerh esclareceu haver permissão para uso das terras 100 metros acima da linha de rebaixamento da bacia hidráulica, observada sua cota máxima. A faixa de terra abaixo é considerada Área de Proteção Permanente (APP). A proibição decorre da necessidade de evitar a utilização de poluentes como agrotóxicos. Podem escorrer para a água, como ocorreu nos mananciais de Limoeiro do Norte. Além da agropecuária, o recurso natural é utilizado para consumo humano. "Antes de qualquer utilização é preciso preservá-lo", acrescentou.

O presidente da Colônia de Pescadores concorda com a gerente. Ele informou que as cercas e os animais levados por seus filiados estão sendo retirados da área considerada de preservação do açude. Hoje, a Colônia conta com 327 pescadores. Desse total, 84 trabalham nas vazantes do Pirabibu.

Impasse
"Uma Secretaria dá assistência aos nossos agricultores e outra está impedindo eles de plantarem"
Airton Carneiro

 Presidente da Associação Fausto Aprígio - Algodões

MAIS INFORMAÇÕES
Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) - escritório em Quixeramobim, Rua Dona Francisca Santiago, 44; (88) 3441. 4482

ALEX PIMENTEL

 COLABORADOR

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE / REGIONAL

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