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domingo, 1 de maio de 2011

E O DIA EM HOMENAGEM A CONSELHEIRO?


memorial de ac
Memorial Antônio Conselheiro: inacabado e subutilizado há catorze anos

A partir da criação do feriado municipal em homenagem aos evangélicos, o historiador Neto Camorim questiona a criação de feriados religiosos e convida a uma reflexão sobre o silêncio dos Poderes Municipais concernente à memória do quixeramobinense Antônio Conselheiro.

Foi aprovado recentemente na Câmara Municipal de Quixeramobim o feriado municipal dedicado aos evangélicos. Será dia 15 de abril e, para minha surpresa, já vai vigorar neste ano.
Nada contra um dia dedicado aos evangélicos, o que, aliás, já existe nacionalmente:  dia 30 de novembro. Em minha opinião, como o Estado é laico, não deveria haver feriado para religião nenhuma, e, sim, data comemorativa a todos os credos e religiões. Tal medida não passa de atitude politiqueira de nossos representantes que deveriam criar leis que, de fato, melhorassem a vida da população e não ficar criando feriado para angariar votos.
O que me estranha é que, há anos, se reivindica a criação pela Câmara Municipal de uma lei que dedique o dia 13 de março, data de nascimento de Antônio Conselheiro, às comemorações e reflexões desse conterrâneo tão ilustre e reconhecido em todo o Brasil, pela sua ação em defesa dos mais humildes e explorados sertanejos no início da República. No entanto, é esquecido em sua própria terra, vergonhosamente, pelos nossos homens públicos. Aliás, estou sendo ingrato. Eles se lembram de seu nome em palanques,durante períodos eleitorais.

Casa de Conselheiro
Casa de Conselheiro: prédio histórico à espera de restauração e uso à altura de sua importância

Não defendo a criação de feriado alusivo a Antônio Conselheiro -aqui no Brasil já tem demais- mas uma data comemorativa (dia 13 de março) em que as escolas  realizassem concurso de redação, ciclo de palestras, debates nas emissoras de rádio e outras apresentações culturais em sua homenagem. Para isso acontecer com maior destaque, é preciso empenho e compromisso dos poderes legislativo e executivo municipais, que lamentavelmente nunca fazem nada de destaque e nem apóiam as ações da sociedade civil, como evento Conselheiro Vivo que a Ong. Iphanaq realiza desde 2008. Nunca é demais lembrar que promover políticas públicas culturais e preservar a história e a memória é uma obrigação constitucional do Poder Público.

Espero que os nossos representantes reflitam sobre tais questões e façam algo de concreto ao nosso Conselheiro para que, de fato, possamos transformar esse grande líder do Brasil em porta voz da nossa história e memória coletiva, pois foi construindo o bem comum que ele se destacou na Guerra de Canudos. Por tal razão incomodou tanto os poderosos da época. Será que ela continua a incomodar e por isso não querem lembrar e preservar sua história? Eu acredito nisso! E você?

Neto Camorim
Historiador e Professor do Liceu de Quixeramobim.
netocamorim@gmail.com

FONTE: www.patrimoniovivo.com.br

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