Tenho visto tanta gente chata no mundo, mas é muita, muita mesmo, creio ser uma espécie de castigo dos Deuses. E aí, por conta disso comecei a classificar os chatos em categorias, classes, família, gênero e espécie (mas não sou nenhum Millôr Fernandes que manja tudo de chatos, e não é chato). Só não faço gráficos porque ainda não cheguei nesse nível de desocupação na vida (tenho serias duvidas sobre isso).
Primeiro tem aqueles que se fazem de íntimos (eu não sou desses), ficam conversando a 30 centímetros de distância e ficam pegando na gente o tempo inteiro apesar do nosso esforço constante de se desviar. Eu particularmente já fico esperando, pra poder desviar no tempo certo. Esse pra mim é o chato mor, o rei dos chatos, e tenho o bendito azar de cruzar com um por semana. E cruzei com um ontem, que se apresentou todo inocente e no final se transformou num chato de tal qualidade que eu fiquei impaciente e dei no pé.
E o chato que tem mania de saber de tudo, entender de tudo, e normalmente acompanha ainda no pacote a mania de autoridade. Não curto. Não consigo conviver com gente que se acha superior. Esse é o tipo de chato que eu ignoro, simplesmente o negócio é fazer de conta que não é comigo e ignorar solenemente. Costumo encontrar com gente assim na faculdade, na fila do banheiro do bar, na xerox, na rua, na chuva e na fazenda (numa casinha de sapê eu não encontro não, lá só tem gente boa) eles estão a solta em todas as discussões usando o velhão bordão “é coisa de gente alienado” (tem gente que não é alienada mais é certamente alienígena). É tipo uma perseguição, mas é preciso perdoar o chato (muitos já disseram isso), mas é bastante difícil, ah isso é. Porém o chato também merece um lugarzinho no céu, talvez eu esteja argumentando desse modo para tirar o meu da reta, já que um dia desses constatei que sou um chato sem igual, foi tipo assim:
Acordei pela manha e fui escovar os dentes no banheiro e diante do espelho parei para pensar, foi como um insight, e refleti o seguinte que eu é que devo ser o chato pois... Bem foi tipo assim:
- Espelho, espelho meu, existe alguém no mundo mais chato do que eu? (levando em conta as exceções do Faustão, do Luciano Huck e do Pedro Bial)
ele me respondeu prontamente: - Não, você é o cara mais chato do mundo! (foi o espelho mesmo que disse isso ou fui eu que falei comigo mesmo? Fiquei na duvida, mas deixa quieto, não tem muita importância).
Foi quando eu cai em mim, sou detalhista? Crítico? Pseudo-nerd o “seitudodeChicoBuarque” o tal que diz “o meu gosto musical é melhor que o seu” (eu não digo mas eu penso as vezes)? O cara que não gosta de falar de política (que é um assunto sério e interessante para a grande maioria das pessoas, mas gosto mais de falar de futebol). Oh! Por Deus quem aguenta conviver ou sequer conversar com alguém assim, tão chato como eu?
Bruno Paulino é Graduando em letras pela Feclesc/UECE.
Cordenador do Projeto Papo Cultural promovido pela ONG IPHANAQ.
Escreve aos domingos como colaborador na categoria O SERTÃO
3 comentários:
será? por você gostar de chico, fausto nilo, curtir poesia, gostar das coisas da terra vão te achar chato? todos nós temos um momento de chatice na vida. como diz naquela velha frase, nem jesus cristo agradou todo mundo. E eu você já descobriu que tipo de chata eu sou?
Olha, se a gente parar para pensar como no conto O Alienista, todo mundo é chato, cada um à sua maneira...kkkkkk
May
Não, só você supera o cara mais chato do município, é um forte candidato para representar o sertão central.
Você deve ter tirado dez nessa disciplina na faculdade de letras.
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