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domingo, 8 de abril de 2012

A CIDADE EM FRAGMENTOS(OU AINDA O PARADOXO DO ELEFANTE BRANCO)

macons

Imagem do Memorial Antônio Conselheiro, em Quixeramobim: obra iniciada em 1997 e até hoje inacabada.

“Não cantes tua cidade, deixa-a em paz” (Carlos Drummond de Andrade)

No meio da tarde, eu me perco.

Já não sou mais o mesmo, e saio à procura da poesia. 

Sempre encontro alguma palavra além de mim, muitas vezes escrita numa placa – “Pare!”. Não me autorizo olhar e não ler. As coisas são corruptíveis. As pessoas mudam... De lugar. Os prédios e as placas é que não mudam, são idéias fixas. Permanecem (Corruptíveis?). A verdade é que minha cabeça muda mais que o meu corpo. A mudança é a lei da vida. Se isso não é poesia, eu não sou nem gente.

Ninguém sabe nada de si. Só a cidade é que se revela gigante e tão pequena. Dobrando a esquina o cenário é pós-apocalíptico. Paradoxal - A falta de memória alimenta um Elefante Branco que come lixo - eu passo quase todo dia em frente e nem vejo. Uns passarinhos pousam na fiação elétrica, não os ouço cantar, pois muitos homens vestidos de laranja estão trabalhando, quebrando e construindo a cidade com uma máquina barulhenta.

A cidade é pulsação, universo-particular, célula-cosmo. Lugar sem lei, vereda que dá em canto nenhum. O mar de gente banha a rua que na madrugada era deserta. Continuo perdido no meio da tarde, entre o preto e o branco, o cinza-mudo  é que colore a paisagem. O Elefante branco é só silêncio. Um silêncio que incomoda. Um Elefante branco incomoda muita gente? Acho que não. Finjo que ele não está lá.

Encontrei-me novamente.


Bruno Paulino é Graduando em letras pela Feclesc/UECE. Cordenador do Projeto Papo Cultural promovido pela ONG IPHANAQ e autor do livro "Lá nas Marinheiras e outras crônicas". Escreve aos domingos como colaborador no Blog osertaoenoticia.com na categoria O SERTÃOEM PROSA.

10 comentários:

Alguem já disse que a Cidade é a maior criação cultural de uma coletividade; ela reflete a ação do homem no ambiente e desses homens entre si. Portanto somos nós "animais racionais" os construtores e destruidores das paisagens urbanas
que refletem somente o que fazemos ou o que consentimos. Desculpem-nos Antônio Vicente Mendes Maciel e Fausto Nilo Costa Júnior, aos quais peço perdão, neste domingo tão significativo para nossa crença.
Terezinha Oliveira

ainda qurem colocar o nome de antonio concelheiro no hospital,se não terminam nem o memorial,segunda essa crónica!!!

Garoto, pense numa matéria incrivel! muito bom mesmo.

Caro Bruno, parabéns pelo belo texto, mas gostaria de sugeri-lo, que em uma outra oportunidade escreva outro que seja mais popular em menos filosófico, pois quem sabe dessa forma nosso governantes entenda (será que eles querem entender?) e tome alguma iniciativa. Belo Texto, mais uma vez parabéns.

Rapaz incrivelmente inteligente este moço"Bruno Paulino", escreu a relidade para os inteligentes.

olha outro dia nesse mesmo blog, eu fiz cementario lhe criticando garoto,na quela óportunidade voce fez uma chage sem conher o conteudo da materia,hoge estou lh parabenisando pela materia postado,e duvido qui alguem do governo defenda,por quer tudo é verdade,parabéns!!!

Amiga Terezinha, como diz o Fausto Nilo - "Há milênios os homens têm vida e memória compartilhadas e constroem lugares para compartilhar vida e memória." - O resto que eu penso tá nas entrelinhas do texto.
abraço do Bruno Pipoca.

p.s: Artigo do Fausto Nilo sobre Crescimento Urbano e Sustentabilidade http://www.vermelho.org.br/ce/noticia.php?id_secao=61&id_noticia=164108

Bom, só lembrando que não sou eu quem faço as charges, e que se tratando de politica o 'meu partido é um coração partido'.

Bruno Pipoca.

pois o parabéns vai ´so para voce,e em eu lhe confundir com o rapais das chages eu pesso as minhas desculpas,agora a materia é sem suma de duvida,muito intereçante!!

Obrigada mais uma vez ao Bruno e ao Fernando Ivo, pela oportunidade de ver a minha foto sendo postada, como sinal importante de crítica contra a nossa pobre ignorância, que continua a expulsar Conselheiro de sua terra. Fico feliz em saber que uma foto como esta, tirada em um momento simples e descontraído pôde realmente mostrar nossa cidade sob uma nova perspectiva, que nos instiga a pensar mais na importância que damos à nossa história! Um abraço! Karine Suelanne.