Segundo Ci, além dos membros da Câmara de Quixadá, representantes do Poder Legislativo de Banabuiú, Choró, Senador Pompeu e Quixeramobim devem estar presentes ao encontro marcado para a próxima segunda-feira, na sede do Dnocs, em Fortaleza. O objetivo é impedir o leilão dos lotes utilizados por trabalhadores rurais. Além de tomar a única riqueza que possuem, a aplicação do pregão pode acarretar especulação e atrair empresários interessados apenas em explorar e construir casas de veraneio nas margens dos açudes públicos, segundo o vereador.
Acerca dos leilões, Ci disse ter recebido a informação na última visita ao escritório central do Dnocs. A intenção era solucionar o impasse relativo à retenção dos títulos de terras federais. Sem eles os arrendatários não podem adquirir empréstimos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e nem contar com benefícios trabalhistas assegurados por lei.
Articulação
Para sua surpresa, descobriu que o problema é mais grave. Foi informado que os lotes serão leiloados. "Caso o Governo Federal não solucione esse problema o mais rápido possível, nós e milhares de loteiros vamos invadir o prédio do Dnocs. Só vamos sair quando tiverem a garantia do uso das terras", desabafou.
No princípio, o vereador acreditava ser da competência da Procuradoria Geral da União (PGU) avaliar a questão dos lotes federais. Todavia, ao apurar melhor, o vereador constatou que o processo está sendo articulado pela CGU. Independente de qual órgão jurídico tenha competência e esteja à frente da regularização fundiária dos lotes, o presidente da Câmara de Vereadores de Quixadá, Kleber Júnior, não acredita que o Dnocs e o Governo Federal permitam a realização de leilão das terras nas quais trabalhadores rurais e suas famílias estão assentadas há décadas. O encontro deverá facilitar uma solução rápida para o problema, conforme acredita.
Acerca do suposto leilão, citado pelo vereador de Quixadá, o superintendente do Dnocs, Eduardo Segundo assegurou não proceder. As únicas áreas leiloadas no Ceará foram de perímetros não operacionais. Conforme ele, a União jamais permitirá a venda de áreas das montantes dos açudes. É necessário um rigoroso controle ambiental, evitando a poluição da água e a preservação da mata nativa. A demora quanto à renovação dos contratos está ocorrendo porque a Procuradoria Federal detectou algumas falhas. "Houve necessidade de correção. Todavia, até o fim de outubro o processo de recadastramento deverá ser iniciado". Ele aguarda visita dos representantes do Interior do Ceará para prestar tais esclarecimentos.
O problema se arrasta desde 2009, quando o Dnocs iniciou o levantamento de todas as áreas de barragens e perímetros irrigados. Além do Ceará, outros oito Estados do Nordeste, o norte de Minas Gerais foi incluído no recadastramento. A medida visa à eliminação de negociações paralelas. Alguns lotes estavam sendo vendidos pelos permissionários por até R$ 20 mil. A prática não é permitida por lei.
Essa situação foi abordada pelo jornal na edição de 5 de fevereiro daquele ano no Caderno Regional. O lavrador Manoel Francisco da Silva (Cateta), 60 anos, e sua família estavam desesperados com a possibilidade de serem despejados. Continuam no mesmo local. Aguardam a decisão do Dnocs. Anteriormente, para ter direito a um lote agrícola, o interessado fazia requerimento ao Dnocs, em modelo próprio, no qual havia necessidade de apresentar as seguintes provas: ter a agropecuária como atividade exclusiva; ter idoneidade comprovada; ser chefe de família; ter condições físicas de trabalho; não usar agrotóxicos; não realizar queimadas; e, ainda, estar quites com a Fazenda Pública Federal, do Estado e também Municipal, conforme Decreto-Lei 57.419/65; há prioridade na aquisição dos lotes os proprietários atingidos por desapropriações; e os chefes de famílias que são mais numerosas.
Agora, conforme Eduardo Segundo, haverá mais rigor. Os contratos estão sendo adaptados às novas leis ambientais, de patrimônio da União e de concessão de uso das terras. Quem descumprir o contrato perderá o lote na montante do açude. Ele enfatiza como principais avanços o rigor na preservação ambiental e a proibição de negociações paralelas, e com elas a construção de casas de veraneio na beira dos açudes. Caso estas ilicitudes sejam comprovadas o termo de concessão será reincidido. Tudo foi planejado criteriosamente pela Advocacia Geral da União (AGU), um dos segmentos da CGU, acrescentou o coordenador.
Administração
65 açudes são administrados pelo Dnocs no Estado do Ceará. 11 mil é a estimativa de permissionários em regime de lotes, público-alvo que poderá precisar da renovação dos contratos
MAIS INFORMAÇÕES
Dnocs - Av. Duque de Caxias,
1700, Fortaleza (CE): (85) 3391.5301
Controladoria-Regional da União no Ceará: (85) 3878.3800
Alex Pimentel
Colaborador
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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