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domingo, 10 de junho de 2012

DOIS DEDOS DE PROSA COM LUIZ COSTA

FOTO: Sistema Maior de Comunicação

O livro "Quixeramobim aos olhos de Luiz Costa Filho", como já nos aponta o titulo, fala da terra natal de seu autor, que é daqueles que louva amores ao passado, sem cair no pieguismo de não enxergar no futuro, usando uma linguagem anímica, ele nos convida a viajar por entre páginas ao seu lado, até os lugares desse passado para (re)encontrar pessoas simples do povo e ter com elas dois dedos de prosa, e assim,  recompor-lhes traços de seus gostos de vida cotidiana. 

 “Ah Quixeramobim!” o livro começa com essa exclamação suspirada de saudade. Saudade, talvez tenha o autor do menino que fora (sempre ao lado de seu irmão Benjamin), menino travesso do jogo de bola nos campos de poeira da “Coreia” e do “Prado”, menino que era apreciador do banho de rio, da beira do rio, lá nas marinheiras, de tanta poesia, onde ia matar passarinhos. Menino ouvinte assíduo da “Voz de Cristal” do Fenêlon Camâra, menino frequentador do Quixeramobim Clube que considerava ser a época a extensão de sua casa. E Luiz Costa parece que não parava em casa (casa está onde também nasceu Antônio Conselheiro, filho mais ilustre da cidade ao lado de Fausto Nilo irmão do autor), pois, Luiz nos relata com minúcia as estruturas das principais ruas e dos espaços públicos como o Mercado (hoje Mercado Velho), as praças Coronel João Paulino e Nossa Senhora de Fátima, mas invejável mesmo é a lembrança do autor para com o nome e a fisionomia das pessoas que deram vida a esses lugares da então pequena Quixeramobim, Luiz escreve tudo com a tinta da saudade, tinta que não se apaga fácil, que se fortalece com o passar do tempo, porque parafraseando Guimarães Rosa o que se lembra, se tem. E Luiz Costa tem tudo isso.

Bem escrito, o autor contextualiza fatos, detalhes, e retrata com invejável minúcia os costumes de uma época, favorecendo, sobretudo, a leitura do livro para leigos em assuntos do Quixeramobim antigo, pois, matreiramente partindo de um passado que conhece como poucos ele chega sempre no presente para construir o olhar futuro, e no final de cada prosa nos leva a questionar: Onde estamos indo? E com que pés estamos caminhando, Quixeramobim?
Muito embora, aqui e acolá, com sapiência durante o livro, ele ousa tecer além de questionamentos, respostas, e aí o prosador critica com louvável coragem, onda iconoclasta da Quixeramobim contemporânea, que varre para o espaço sideral algumas tradições, destruindo referencias pessoais e coletivas num desrespeito claro ao direto à perpetuação das lembranças.

O Memorialista Luiz Costa, de forma simples e humana, com mais esse trabalho enriquece consideravelmente a história da nossa cidade, ao dar seu testemunho comovido sobre coisas, pessoas e acontecidos que lhe marcaram a infância e juventude, numa época em que Quixeramobim era apenas uma cidade pequenina, de gente pacata e ordeira, desenhada no meio do sertão, banhada por um longo rio, na qual as pessoas esperavam as novidades estrangeiras que vinham de trem, suspeito que já nessa época o então menino Luiz Costa não fosse tão afeito as novidades, suspeito que já tivesse os olhos de memória.



Bruno Paulino é Graduando em Letras pela UECE e autor do livro “Lá nas Marinheiras e outras crônicas”. 

Escreve aos domingos como colaborador na categoria O SERTÃO EM PROSA



2 comentários:

Caro Bruno, como sempre estão muito bem colocadas suas palavras, enaltecendo o livro do Grande Luiz Costa. Queria aqui parabenizar o autor e seus filhos: Luiz Cláudio, André Luiz e Luciano. Parabéns pessoal pelo livro e pelo resgate de parte de nossa história, tão bem retratada pelo pai de vocês.

saudando a resenha do Bruno, parabenizo ao Luiz pelo livro, importante como registro e criação de documento ao futuro, coisa tão distante do que seriam ações culturais de instituições no município. Essa lacuna é suprida por iniciativas como esta, que é um trabalho prático no campo cultural, além de um mérito pessoal do autor.

Parabéns! Danilo Patrício.