As eleições municipais se aproximam
e com elas as promessas de campanha de última hora, apregoadas por vereadores e
prefeitos. Considerando-se uma média de cinco propostas por candidato e três
oponentes por vaga, teríamos algo como 82.500 promessas, arredondando o número
de prefeituras para 5.500. Caso alguém se dispusesse a catalogá-las, o que
acredito seja pouco produtivo e provável, creio que seguiriam a lei de Pareto
ou princípio 80-20, ou seja, 80% das propostas representariam 20% de
efetividade, considerando-se um cenário bastante otimista.
Como morador da cidade de São Paulo,
tenho acompanhado as propagandas dos partidos, as quais se concentram em
jingles de mau gosto, parodiando hits musicais duvidosos e colocando em xeque a
competência, experiência e promessas dos adversários, as quais, diga-se de
passagem, soam ofensivas até para a inteligência dos menos preparados.
Ladainhas como terminar com o trânsito, multiplicar as linhas de metrô,
construir trens aéreos, diminuir ou extinguir impostos, reduzir o preço das
passagens e acabar com as filas nos hospitais, coincidentemente ou não, estão
sempre presentes a cada quatro anos.
Como consultor e especialista em
estratégias empresariais, trabalho há tempos com o tema fixação de metas e
gestão por resultados, introduzido na década de 50, pelo falecido guru Peter
Drucker. A teoria, denominada como APO ou administração por objetivos, tem como
premissas: identificar os problemas da organização, fixar prazos, definir
responsáveis, alocar recursos e prover treinamento, acompanhando através de
indicadores de desempenho as metas previamente acordadas entre superiores e
subordinados. Em suma, algo bastante distante e bem mais sério que as
metralhadoras de promessas que costumam invadir a telinha neste período.
Apesar da descrença e desânimo com o
horário eleitoral e seus candidatos, admiro o trabalho realizado pelo MBC,
Movimento Brasil Competitivo, fundado por empresários e liderado por Jorge
Gerdau, cuja missão é levar as melhores práticas do setor privado para a esfera
pública. O trabalho de consultoria, aplicado a estados tão diversos como
Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, utilizam
a APO como base, definindo metas, promovendo capacitação, alocando recursos e
incentivos salariais aos funcionários públicos para que as possam cumpri-las.
Os resultados já são visíveis, através de indicadores tais como redução de
homicídios, atendimento de emergências em hospitais e qualidade de ensino.
Como em uma empresa privada, o
trabalho de consultoria começa por uma análise criteriosa nas contas contábeis,
cortando gastos e aumentando a arrecadação por meio de uma fiscalização mais
efetiva com menor evasão de impostos, gerando maiores recursos para
investimentos. Para serem efetivos, tais programas devem contar com o
comprometimento e envolvimento da alta administração, o que na esfera pública
se traduz em cargos executivos e de primeiro escalão: governadores, prefeitos e
secretários.
Enfim, é difícil imaginar que com o
nível eleitoral presente nas campanhas, assim como nas promessas vazias, haja
algum comprometimento mais sério em implantar choques de gestão ou indicadores
de desempenho. Quem sabe não fosse hora de um monitoramento mais efetivo,
pedindo aos candidatos que apresentassem maneiras concretas de financiá-las e
implantá-las, deixando o campo do sonho para a realidade. Aos novos ocupantes
das cadeiras de prefeito, monitorar e cobrar as promessas de campanha,
invertendo a lei de Pareto. Enfim, o Brasil e os ouvidos dos eleitores só
teriam a ganhar com isso.
Por Marcos Morita, mestre em Administração de
Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista
em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios.
Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.
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