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domingo, 2 de setembro de 2012

O SERTÃO EM PROSA: "Cativando livros, cativando pessoas".



Imagem: Internet
Tu te tornas extremamente responsável por aquilo que cativas” (Saint-Exupéry)
Existem poucas frases mais simples e verdadeiras do que essa do poeta Mário Quintana: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. E de fato, acredito que sejam nas páginas de um livro e nas relações com as próprias pessoas que estão os caminhos mais férteis para desabrochar os pensamentos e os sentimentos de qualquer ser humano.

Digo isso, pois, nesses dias minha sobrinha apareceu passeando com um livro infantil, e, eu como de costume não resisti ao vê-la com o livro, e logo o peguei para folheá-lo, acho que é porque, lá no fundo, eu ainda me considero uma criança (que coisa piegas!) e não resisto a um bom livro infantil (embora a definição do que seja livro infantil não esteja bem clara em minha cabeça). Era a obra de Saint-Exupéry, o Pequeno Príncipe, livro que transborda sinceridade, com mensagens subliminares, e, de uma doçura sem igual, que eu confesso já ter ouvido falar muito, mas nunca tinha me sentido atraído a ler. A história é contada por um homem grande (lê-se adulto) que cai com seu avião no deserto, e encontra o Pequeno Príncipe lá. O menino conta a ele sobre todas as suas aventuras, e os dois acabam cativando-se. 

É incrível como um suposto livro para crianças faz tanto sentido para mentes adolescentes e adultas; já que os “ensinamentos” que são passados contêm surpresas nas entrelinhas. Claro, que a mente infantil não consegue captar essas metáforas escondidas (será?), e é por isso que quando você já está crescido e lê se emociona tanto. É singelo o jeito que o Pequeno Príncipe cuida e protege sua flor (que eu interpretei como uma metonímia que represente as mulheres, mas sinta-se a vontade pra interpretar como queira, visto que sou um romântico vagabundo, um vadio conquistador e minha mente é corrompida), e cativante também é o modo que ele aprende com a raposa sobre como cativar alguém, que eu particularmente interpretei essa passagem como o amor em todas as suas formas.
 
Por um instante meio que por acaso enquanto lia, acabei por descobrir que fui cativado o tempo todo por minha sobrinha para que lesse aquele livro com que ela andava desfilando por aí, afinal, o essencial parece que realmente é invisível aos olhos.

Depois que terminei a leitura do livro que peguei apenas para folhear e acabei lendo todo, devolvi para minha sobrinha, com a certeza de que aquele pequeno conjunto de “lições” em forma de livro infantil, me dera ânimo novo para empenhar-se cada vez mais em passar a frente à idéia de que é preciso: cativar livros, para cativar pessoas, para daí quem sabe, se fazer possível, cativarmos juntos, um novo mundo



 Bruno Paulino é Graduando em letras pela Feclesc/UECE.
Cordenador do Projeto Papo Cultural promovido pela ONG IPHANAQ.
 
Escreve aos domingos como colaborador na categoria O SERTÃO EM PROSA


1 comentários:

Sempre acreditei, pratiquei e recomendava a leitura como a fonte básica para nossa formação. livros foram meus presentes favoritos: os contos da carochinha e na juventude as aventuras de Júlio Verne e os romances com belos príncipes encantados. Mas, na verdade, àquela época não era capaz de dimensionar o que defendia; limitava-me a ler para ter boa redação, ser a mais sabida da turma. Então Saint-Exupéry me apresentou a sabedoria do “Pequeno Príncipe” que o Bruno trouxe de volta nesta crônica que precisa entrar no seu próximo livro. Dentre as verdades implícitas e explícitas na fala do menino com o piloto, destaco a que diz que somos responsáveis pelo que conquistamos e desde então procuro ver além do óbvio, cuido mais das relações interpessoais e tenho consciência de que para o aprender somos sempre crianças. Amanhã vou reler essa obra porque a crônica me "cativou" e lembrou que estamos sempre mudando e certamente aprenderei “novas lições”.Obrigada Bruno, Quintana, Exupéry e Fernando Ivo que postou cedinho essa jóia.