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domingo, 14 de outubro de 2012

O SERTÃO EM PROSA; Pro dia Nascer Feliz.



Tenho sido acometido nos últimos dias de uma chata insônia. Logo eu que adoro dormir não consigo fechar os olhos por oito horas seguidas numa cama (ou uma boa rede com varandas coloridas que o vai-lha) durante a noite e ter o sono dos justos, visto que nem o diazepam com suco de maracujá poderam me socorrer, começo a ficar preocupado. Será problema de saúde? 

São seis e vinte e nove da manhã, e, eu não dormi. Tem sido assim a semana toda. Fico com cara de bocó - a cara de bocó talvez eu sempre tenha tido - contando as telhas penduradas no teto e os carneirinhos imaginarios pulando nas nuvens.Levanto porque parece que rolar na cama cansa mais do que decidir fazer qualquer coisa pra fugir desse tédio insone. Bebo um copo de agua, vou ao banheiro, ouço um miado de um gato que me assusta, então volto a deitar, ligo a televisão e me distraio com o fino humor do Jô Soares (mas a televisão me esperta, e eu só quero mesmo é dormir, será pedir demais Senhor?).Decido ler, de preferencia um livro bem simples com uma história desinteressante que mê de sono, mas eis que não consigo me concentrar na leitura do Grande Sertão:Veredas (que pode ser tudo menos desinteressante e simples). Devolvo o livro pra estante, pois a história do jagunço Riobaldo é de manter qualquer um acordado, e, eu preciso domir pro dia nascer feliz como cantava rebolando o Cazuza.

Não sei oque fazer? Olheiras, why tão profundas? Deitado me pego pensando na vida e meus problemas corriqueiros a resolver no dia-a-dia (tenho a sensação que isso me causará mais insonia), mudo os rumos do pensamento e começo a planejar uma viagem de férias num cruzeiro para o Havai , embora não tenha férias e nem dinheiro para isso, mas como não me custa nada sonhar, e, ah! Eu como eu queria dormir e sonhar nos braços de uma bela havaiana.

Algo muito natural quando não se consegue dormir é pensar besteira, e comigo que já penso besteira o tempo todo não foi diferente fiquei pensando mais besteira depois de naufragrar meu cruzeiro pelas aguas havainas, pensei em como seria legal tomar um café com a Clarice Lispector em Paris, mas que idiotice visto que Clarice já morreu faz anos, e, eu não gosto de café. Falta de sonho pode acarretar delirios?

Sinto vontande de levantar novamente e pequisar sobre insonia na internet, desisto por conta da preguiça, e acabo ficando na cama olhano a luz do abajur e assobiando baixinho as melodias das canções de ninar, começo a me afobar, começo a ficar tenso, nervoso, e só me falta apelar para os santos, mas qual o santo das causas insones? (preciso pesquisar isso na internet também). No fim da longa madrugada sinto o sono chegar, o corpo amolecer, e os olhos baixarem a guarda, e antes de adormecer me lembro com certo alivio das palavras de Hamlet: “Morrer, dormir,talvez sonhar!”.



Bruno Paulino é Graduando em letras pela Feclesc/UECE.


Cordenador do Projeto Papo Cultural promovido pela ONG IPHANAQ.
 
Escreve aos domingos como colaborador na categoria O SERTÃO 

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