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domingo, 21 de abril de 2013

O LEGADO DE GORDURINHA: A CRÍTICA, A IRREVERÊNCIA E O BOM HUMOR





Walkiria Ivonete Macedo de Souza é a filha mais velha, e também a inventariante do espolio de Gordurinha, que foi um dos artistas mais completos e irreverentes de seu tempo. A filha nessa entrevista que me foi concedida via email, defende o legado do cantor, compositor, radialista e humorista baiano. Sem sombra dúvida, um grande gênio de nossa raça, muito embora hoje seu nome seja esquecido pela grande mídia e pela população brasileira, sendo resgatado raramente por alguns pesquisadores ou apreciadores da cultura nordestina. Mas a memória e o legado de Gordurinha, matreiramente como ele sempre fez em seus trabalhos seja na música, nos palcos ou nas ondas do rádio, ainda vive na sapiência-crítica desse povo nordestino, que faz das súplicas e de suas dores, matéria prima para a mais genuína arte.



Bruno: Qual o verdadeiro nome do ''Gordurinha'', e de onde veio esse apelido?



Walkiria Ivonete: o verdadeiro nome de Gordurinha é Waldeck Arthur de Macêdo. Esse apelido veio do fato de ele ser extremamente magro. Era engraçado logo no começo de sua carreira. Quando anunciavam: e agora com vocês, Gordurinha, entrava aquela figura magérrima.



Bruno: Quais os principais sucessos e parceiros de ''Gordurinha''?



Walkiria Ivonete: São vários sucessos como “Chiclete com Banana”, “Mambo da Cantareira”, “Súplica Cearense”, “Vendedor de Carangueijo”, ‘’Baiano Burro Nasce Morto”, “To Doido pra ficar Maluco”, ‘’A Praça do Ferreira’’, ‘’Rio x São Paulo’’, ‘’Baianada’’ e ‘’QUIXERAMOBIM’’ que também é, e foi um grande sucesso.



Bruno: Ivonete, em sua opinião qual importância e qual legado de ‘’Gordurinha’’ para a Música Popular Brasileira, e como humorista-artista?



Walkiria Ivonete: Infelizmente não possuo nenhuma gravação de programas de rádio, tapes de programas televisivos, mas ele trabalhou como humorista na extinta Rádio Nacional de São Paulo, hoje Rádio Globo. No Rio de Janeiro trabalhou na Mayrink Veiga, na Nacional, Eldorado, Mauá, Radio Tupi. Televisão: Exelcior, Tupi. Recife: Radio Jornal do Commercio, Rádio Club de Pernambuco.

Quanto ao legado deixado por Gordurinha no setor do humorismo, além de ter realizado vários trabalhos em todas essas emissoras mencionadas, as letras de suas músicas são uma mostra do seu bom-humor inteligente, crítico, humano. São várias letras de cunho humorístico, outras letras são criticas bem feitas as coisas do cotidiano do Brasileiro menos privilegiado. Tem uma letra dele da música Meu Enxoval, que fala de um homem que sem teto dorme na porta do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e que se cobre de jornais. Só ouvindo a música para se ter idéia da crítica feita. No livro dele tem essa letra, entre outras.



Bruno: Em sua opinião como o Brasil trata a memória de artistas e cantores populares como seu pai, o talentoso ''Gordurinha''?



Walkiria Ivonete: Infelizmente o Brasil não tem memória cultural/artistica. Quantos cantores, atores, foram adorados, admirados , morreram e hoje ninguém lembra deles. Não fazem homenagem alguma em aniversário de nascimento, aniversário de falecimento. O papai mesmo, até hoje, só tem um Artista que não esquece essas datas e aproveito para mandar um abraço de agradecimento público. Este homem é o cantor e compositor Luiz Vieira, cantor e autor de Menino Passarinho. Ele mora no Rio de Janeiro, e tem um programa de Rádio.



Bruno: Quantas biografias escritas existem sobre ''Gordurinha''?



Walkiria Ivonete: A Biografia Oficial é a escrita pelo Pesquisador e Jornalista Roberto Torres, um pernambucano residente em Salvador



Bruno: Waldeck Luiz, um  dos netos de ‘’Gordurinha’’, mantém hoje um blog sobre o avô, como funciona esse espaço e qual a procura por parte de pesquisadores, fãs e etc?



Walkiria Ivonete: O Blog do Waldeck Luiz é bem visitado. Acredito que muitos fazem uso do mesmo para pesquisas e outros trabalhos.



Bruno: Existe na biografia de ''Gordurinha'' alguma relação com a cidade de Quixeramobim, que o mesmo homenageou em um baião, que foi gravado por Ari Lobo, se não estou enganado no ano de 1958

Walkíria Ivonete: Papai gostava muito do Ceará. Por isso tem duas músicas dele em homenagem a este estado do Nordeste. Tem ‘’A Praça do Ferreira’’ e ‘’Quixeramobim’’. Ele esteve nesta cidade e foi muito bem recebido e para agradecer e homenagear a cidade compôs essa música. E sobre o ventinho de Fortaleza... Ainda sobre a música Quixeramobim, ela foi gravada por Ari Lobo. Este cantor gravou várias músicas do papai. Depois de Ari, quem mais gravou músicas de Gordurinha foram os rapazes do Trio Nordestino, que também gravou a canção ‘’Quixeramobim’’ e que papai levou para o Rio de Janeiro. Bons amigos nossos.



Por Bruno Paulino, 20/04/2013

1 comentários:

Excelente iniciativa essa entrevista sobre o Gordurinha. A partir dela poderia ser incentivada a montagem de trabalhos sobre esse Artista: as facetas de sua arte,a importância da composição que divulga nosso Município e palestras sobre ele; como o Fã Clube Viva o Rei trabalha em relação ao Luiz Lua Gonzaga. Claro que o público envolvido, prioritariamente seram os estudante e depois da Escola entravam os meios de comunicação. O marco seria uma data referida a ele: nascimento ou falecimento. São sugestões .