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terça-feira, 13 de abril de 2010

SECA VERDE: AGRICULTORES PLANEJAM PROTESTO


Quixadá. Lideranças de trabalhadores rurais da região Central do Estado planejam marchas e ocupação de prefeituras para reivindicar mais atenção ao homem do campo. As decisões serão tomadas em reuniões programadas para esta semana nos sindicatos da categoria.
As mobilizações ocorrem por conta da falta de chuvas, pois não está caindo água o suficiente para afrouxar a terra. Quem tem na agricultura sua principal fonte de renda está começando a se desesperar. A mata nativa esverdeada e a temperatura amena nos últimos dias dão sinais do fenômeno da seca verde. Por esse motivo, buscam a implantação imediata dos programas de emergência.
Esperança frustrada
Apesar da frente fria anunciada pela Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) ter chegado ao Estado, o quadro continua praticamente o mesmo. A chuva que vem caindo não é suficiente para amenizar as dificuldades dos agricultores. Não há mais como plantar milho. O ciclo da cultura de sequeiro está comprometido. Seriam necessários pelo menos 70 dias de terra molhada. Quem arriscou, no início da quadra chuvosa, perdeu tudo. O diagnóstico é feito pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quixadá (STTRQ), Erorilton Buriti.
O coordenador regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), José Fernandes Mendes, confirma o quadro desanimador. É praticamente o mesmo nos 13 municípios do Sertão Central acompanhados por sua equipe. Falta água e alimento para o consumo humano e animal. As lavouras estão perdidas e os agricultores, endividados. A renda das famílias foi afetada pela estiagem. Ele não descarta a possibilidade de ocorrerem ocupações de prefeituras. Na semana passada acamparam na sede executiva municipal de Canindé. O prédio foi desocupado na sexta-feira.
Quixadá poderá ser a próxima. Segundo Eronilton Buriti, os trabalhadores rurais do município se reúnem, amanhã, no auditório do sindicato. Cerca de seis mil deles vão decidir se marcham pelas ruas exigindo a aplicação de um plano emergencial. Desse total, 1.800 precisam de cestas básicas. Eles ficaram de fora do Garantia Safra. Além do início do pagamento das parcelas, no começo de maio, conforme havia anunciado o governador Cid Gomes na última visita à cidade, querem a abertura de linhas de crédito especiais, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para compra de equipamentos de irrigação.
Açudes
Conforme o líder classista e o representante da Fetraece, os açudes estão com boa capacidade. Deles será possível captar água para pequenos projetos, o suficiente para produzir a pastagem para os animais. Outra opção é o financiamento da forragem. O trabalho na edificação de casas e cercas é outra alternativa. José Mendes aponta ainda a construção de 49 mil cisternas de placa no Estado como necessidades de subsistência rural. "Essas e outras reivindicações estão expostas na carta aberta, dirigida à sociedade e ao poder público", acrescenta.
A Fetraece fundamenta suas reivindicações no relatório de situação da safra agrícola de sequeiro, emitida pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce). O Ceará previa plantar 1.302.493ha. Mas até o fim de fevereiro, apenas 16% da área estimada havia recebido plantio. A média pluviométrica também foi citada no estudo. Foram 119,1mm, 45,39% abaixo da média histórica do período mensal, estimada em 218mm. A Funceme prevê a consolidação da estiagem nos meses de abril e maio, em função do "El Niño".
Dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) apontam o nível médio dos 18 reservatórios públicos na Bacia do Banabuiú, de 71,6%. Apenas o Açude do Cedro está abaixo dos 50%. A represa de Quixadá acumula 27,9% de sua capacidade total. A tendência é o nível se elevar com a chuva. Segundo a Funceme, as maiores precipitações no Ceará, de domingo para segunda-feira, foram no Sertão Central. Milhã foi com 107mm. Em Manituba, zona rural de Quixeramobim, choveu 68,2mm.

MAIS INFORMAÇÕES
Fetraece - Sertão Central
(88) 3412.0511
STTRQ
(88) 3412.0481

Fonte: Diário do Nordeste 
Alex Pimentel
Colaborador

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