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segunda-feira, 25 de abril de 2011

CHORÓ: DEFICIENTE VISUAL "QUEBRA BARREIRA" E TOCA SANFONA DE 80 BAIXOS

Mesmo cego Ademar é alegre divertido e sempre sorridente.


Em Choró no Sertão Central cearense, um deficiente visual que já nasceu cego, aprendeu a tocar uma sanfona de 80 baixos, ele chama atenção pela rapidez nas músicas que canta. O aposentado, Manoel Gonzaga Pinheiro, de 55 anos, popularmente conhecido como Ademar, é considerado um ícone na cidade de Choró, onde sempre se apresenta nas festas dos idosos, festas religiosas, casamentos, batizados, vaquejadas, aniversários e festas juninas na região. Também se apresenta em um programa de uma rádio local.

Ele sobrevive do toque da sanfona desde os 15 anos de idade, quem conhece Ademar sabe que mesmo cego, o mesmo não perdeu o sentido da vida, é sempre sorridente. Segundo, Otacílio Primo de Oliveira, no caso dele é um dom de Deus, por que muita gente com visão não consegue se quer tocar o inicio dos parabéns, “ele ao longo do tempo foi aperfeiçoando e hoje quando começamos a cantar qualquer música, acompanha sem erro algum, eu me sinto feliz de poder dividir minha amizade com ele. É um verdadeiro exemplo de vida”.

“Fiquei órfão de pai e mãe com um mês de nascido e fui criado por meus familiares, que também são pobres, mas com o passar do tempo tive que buscar uma profissão para sobreviver. Foi uma vida muito difícil, como ainda hoje é. Cheguei a passar fome, mas Deus foi generoso comigo, me deu essa arte”, agradece seu Ademar. “Eu ainda estou tocando porque meu amigo Otacílio, que me ajuda tocando pandeiro, sempre ajeita o instrumento que por ser velho sempre aparece um defeito e tem os teclados quebrados”, afirma o homem que leva o nome de Gonzaga, o Luiz “Rei do Baião”, o maior sanfoneiro do Brasil. Dona Elizabeth, esposa de seu Otacílio, diz que durante as folgas, Ademar nos momentos que ele está sem tocar, seu divertimento é ouvir as músicas de Luiz Gonzaga. “É tudo para ele”, comenta ela.

Recentemente sanfoneiro recebeu a visita da repórter da TV Jangadeiro/SBT do programa Gente na TV, do apresentador Nilson Fagata. Uma multidão se formou no bairro São Sebastião onde a reportagem entrevistava o sanfoneiro deficiente visual.  Segundo Ademar, como é mais conhecido, seu grande sonho é um dia poder tocar ao lado de Valdonys, Dedim Gouveia e Dominguinhos. Mas enquanto esse encontro não chega o melhor mesmo é ir tocando a vida, ou melhor, sua sanfona velha, como dizia Luiz Gonzaga. Outro sonho levantando pelo musico na visita da reportagem foi o grande sonho de ganhar uma sanfona nova já que a sua já tem mais de 50 anos e com a remuneração de sua aposentadoria não é suficiente para comprar um instrumento novo. Otacílio de Oliveira, emocionado depois de ouvir o pedido do sanfoneiro diz que se tivesse condições já teria dado uma sanfona nova ao homem que hoje considerava um grande irmão. “Ele mora com a gente nós gostamos muito dele, é uma pessoa humilde, não tem maldade no coração. Tudo que ele mais quer na vida é continuar tendo esse privilégio de tocar sanfona e nada mais”.

Por Jonathas Oliveira
 FONTE: REVISTA CENTRAL

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