Anfiteatro para 160 pessoas é u m dos espaços mais avariados por infiltrações e cadeiras quebradas
ALEX PIMENTEL
ALEX PIMENTEL
Construído para homenagear o filho ilustre Antônio Conselheiro, centro cultural está abandonado
Considerado por muitos o mais importante espaço cultural da região Centro do Estado, o Memorial Antônio Conselheiro, erguido na terra natal do beato mártir da Guerra de Canudos, será restaurado pela primeira vez desde 22 de setembro de 1997, data da sua inauguração, no centenário de aniversário de sua morte. É o que informa o secretário de Cultura e Turismo de Quixeramobim, Jean Ferreira.
Segundo ele, a decisão havia sido tomada pelo prefeito Edmilson Júnior havia meses. Eles aguardavam a visita do arquiteto Fausto Nilo, conterrâneo idealizador do projeto original do centro de visitação.
Além de restaurado, o Memorial será readequado. A mudança mais importante deverá ser a transferência da Câmara de Vereadores para a área do complexo cultural. De acordo com o presidente da Câmara, Carlos Roberto Mota Almeida, além da ampliação do número de vereadores, de 10 para 15, a Casa de Câmara e Cadeia, onde as sessões são realizadas, não comporta o público. Como é tombada como patrimônio histórico nacional, será transformada no Arquivo Público Municipal. Fausto Nilo deverá criar gabinetes, auditório e o novo plenário em um novo prédio, no entorno do Memorial. Antes, será promovida audiência pública, para aprovação da população.
Atualmente, o anfiteatro, com capacidade para 160 pessoas, é a área mais avariada do Memorial. Infiltrações e poltronas quebradas são os principais problemas. De acordo com a administração municipal, as cadeiras são restauradas com frequência, mas como o espaço é muito utilizado, com a realização de todo tipo de evento de interesse cultural, social e comunitário, os danos são frequentes. O último deles ocorreu no dia 29 de outubro, quando foi realizado um concurso de beleza. Fausto Nilo terá como desafio a reestruturação do espaço de espetáculos e encontros, com a implantação de um sistema de climatização.
Outro desafio para o arquiteto será a cobertura do pátio externo do Memorial, onde são realizados eventos culturais de maior proporção como festivais de violeiros e quadrilhas juninas. A área também é utilizada para práticas esportivas. Entretanto, os traços originais, lembrando as "muralhas´ do Arraial de Canudos, onde Antônio Conselheiro e seus seguidores foram mortos no confronto com as tropas da expedição militar do exército do Governo da República, deverão ser preservados. Por esses motivos, o prefeito resolveu aguardar o criador da maior obra arquitetônica cultural do Município para definir os retoques necessários.
Fausto Nilo não definiu quando seu projeto de restauração e adequação estará pronto. Haverá cuidado especial na modernização do Memorial, para não descaracterizar o projeto original. Os recursos deverão ser captados junto ao Ministério da Cultura. Ainda não há estimativas do valor da obra. Quando foi construído, além do aporte financeiro do Governo Federal, o Governo do Estado e o Município investiram no complexo cultural. Os valores também não foram informados.
Sem prazo
A Câmara Municipal também aguarda a apresentação do esboço arquitetônico de Fausto Nilo. Ainda não há definição de prazo e nem de valor da obra. Certo apenas a necessidade da nova Casa Legislativa estar pronta até o início de 2013, quando serão empossados os novos vereadores, sendo preciso mais cinco assentos na sala de reuniões dos representantes do povo. Se continuarem sendo realizadas no mesmo local, o espaço será ainda menor. Para acompanhar as sessões, no pavimento superior do prédio histórico, a maior parte da população é obrigada a ficar do lado de fora.
Hoje, além do anfiteatro, uma ilha digital com 16 terminais e a coordenação regional do programa federal Pro Jovem, atendendo 15 Municípios do Sertão Central, funcionam nas salas do Memorial. Além das readequações está prevista a implantação de um museu com registros da vida e morte de Antônio Conselheiro. Com os trabalhos da nova Câmara, realizados ao lado do Memorial, deve crescer o número de visitas ao centro cultural.
A Igreja Matriz, a Casa de Câmara e Cadeia, a casa onde Antônio Conselheiro viveu e até o marco geográfico do Estado ficam situados a algumas quadras dali.
FIQUE POR DENTRO
História de um líder carismático
Antônio Vicente Mendes Maciel é o verdadeiro nome do beato Antônio Conselheiro. Ele nasceu aos 13 de março de 1830, na Vila do Campo Maior, hoje Quixeramobim. Morreu no dia 22 de setembro de 1897, no arraial de Canudos, um vilarejo no sertão da Bahia, numa sangrenta batalha contra as tropas do exército da República. Com seu carisma e pregações messiânicas, Conselheiro atraiu milhares de seguidores, entre lavradores retirantes da seca, índios e escravos recém-libertos, unidos na crença numa salvação milagrosa que os pouparia do dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social. Os grandes fazendeiros da região, unindo-se à Igreja, iniciaram um forte grupo de pressão junto à República recém-instaurada, pedindo providências contra Conselheiro e seus seguidores. Criaram-se rumores de que Canudos se armava para atacar cidades vizinhas e partir em direção à Capital para depor o governo republicano e reinstalar a Monarquia. Houve então a guerra. Para justificar o genocídio praticado pelas investidas do exército, a imprensa dos primeiros anos da República e historiadores retrataram Conselheiro como um louco, fanático religioso e contrarrevolucionário monarquista perigoso.
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura de Quixeramobim, Centro, (88) 3441.1326
Câmara Municipal de Quixeramobim
R. Cônego Pinto, S/N, (88) 3441.0043
Alex PimentelColaborador
Considerado por muitos o mais importante espaço cultural da região Centro do Estado, o Memorial Antônio Conselheiro, erguido na terra natal do beato mártir da Guerra de Canudos, será restaurado pela primeira vez desde 22 de setembro de 1997, data da sua inauguração, no centenário de aniversário de sua morte. É o que informa o secretário de Cultura e Turismo de Quixeramobim, Jean Ferreira.
Segundo ele, a decisão havia sido tomada pelo prefeito Edmilson Júnior havia meses. Eles aguardavam a visita do arquiteto Fausto Nilo, conterrâneo idealizador do projeto original do centro de visitação.
Além de restaurado, o Memorial será readequado. A mudança mais importante deverá ser a transferência da Câmara de Vereadores para a área do complexo cultural. De acordo com o presidente da Câmara, Carlos Roberto Mota Almeida, além da ampliação do número de vereadores, de 10 para 15, a Casa de Câmara e Cadeia, onde as sessões são realizadas, não comporta o público. Como é tombada como patrimônio histórico nacional, será transformada no Arquivo Público Municipal. Fausto Nilo deverá criar gabinetes, auditório e o novo plenário em um novo prédio, no entorno do Memorial. Antes, será promovida audiência pública, para aprovação da população.
Atualmente, o anfiteatro, com capacidade para 160 pessoas, é a área mais avariada do Memorial. Infiltrações e poltronas quebradas são os principais problemas. De acordo com a administração municipal, as cadeiras são restauradas com frequência, mas como o espaço é muito utilizado, com a realização de todo tipo de evento de interesse cultural, social e comunitário, os danos são frequentes. O último deles ocorreu no dia 29 de outubro, quando foi realizado um concurso de beleza. Fausto Nilo terá como desafio a reestruturação do espaço de espetáculos e encontros, com a implantação de um sistema de climatização.
Outro desafio para o arquiteto será a cobertura do pátio externo do Memorial, onde são realizados eventos culturais de maior proporção como festivais de violeiros e quadrilhas juninas. A área também é utilizada para práticas esportivas. Entretanto, os traços originais, lembrando as "muralhas´ do Arraial de Canudos, onde Antônio Conselheiro e seus seguidores foram mortos no confronto com as tropas da expedição militar do exército do Governo da República, deverão ser preservados. Por esses motivos, o prefeito resolveu aguardar o criador da maior obra arquitetônica cultural do Município para definir os retoques necessários.
Fausto Nilo não definiu quando seu projeto de restauração e adequação estará pronto. Haverá cuidado especial na modernização do Memorial, para não descaracterizar o projeto original. Os recursos deverão ser captados junto ao Ministério da Cultura. Ainda não há estimativas do valor da obra. Quando foi construído, além do aporte financeiro do Governo Federal, o Governo do Estado e o Município investiram no complexo cultural. Os valores também não foram informados.
Sem prazo
A Câmara Municipal também aguarda a apresentação do esboço arquitetônico de Fausto Nilo. Ainda não há definição de prazo e nem de valor da obra. Certo apenas a necessidade da nova Casa Legislativa estar pronta até o início de 2013, quando serão empossados os novos vereadores, sendo preciso mais cinco assentos na sala de reuniões dos representantes do povo. Se continuarem sendo realizadas no mesmo local, o espaço será ainda menor. Para acompanhar as sessões, no pavimento superior do prédio histórico, a maior parte da população é obrigada a ficar do lado de fora.
Hoje, além do anfiteatro, uma ilha digital com 16 terminais e a coordenação regional do programa federal Pro Jovem, atendendo 15 Municípios do Sertão Central, funcionam nas salas do Memorial. Além das readequações está prevista a implantação de um museu com registros da vida e morte de Antônio Conselheiro. Com os trabalhos da nova Câmara, realizados ao lado do Memorial, deve crescer o número de visitas ao centro cultural.
A Igreja Matriz, a Casa de Câmara e Cadeia, a casa onde Antônio Conselheiro viveu e até o marco geográfico do Estado ficam situados a algumas quadras dali.
FIQUE POR DENTRO
História de um líder carismático
Antônio Vicente Mendes Maciel é o verdadeiro nome do beato Antônio Conselheiro. Ele nasceu aos 13 de março de 1830, na Vila do Campo Maior, hoje Quixeramobim. Morreu no dia 22 de setembro de 1897, no arraial de Canudos, um vilarejo no sertão da Bahia, numa sangrenta batalha contra as tropas do exército da República. Com seu carisma e pregações messiânicas, Conselheiro atraiu milhares de seguidores, entre lavradores retirantes da seca, índios e escravos recém-libertos, unidos na crença numa salvação milagrosa que os pouparia do dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social. Os grandes fazendeiros da região, unindo-se à Igreja, iniciaram um forte grupo de pressão junto à República recém-instaurada, pedindo providências contra Conselheiro e seus seguidores. Criaram-se rumores de que Canudos se armava para atacar cidades vizinhas e partir em direção à Capital para depor o governo republicano e reinstalar a Monarquia. Houve então a guerra. Para justificar o genocídio praticado pelas investidas do exército, a imprensa dos primeiros anos da República e historiadores retrataram Conselheiro como um louco, fanático religioso e contrarrevolucionário monarquista perigoso.
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura de Quixeramobim, Centro, (88) 3441.1326
Câmara Municipal de Quixeramobim
R. Cônego Pinto, S/N, (88) 3441.0043
Alex PimentelColaborador
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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