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domingo, 15 de julho de 2012

INTERESSE PELA LEITURA ESTÁ MENOR NO SERTÃO CENTRAL

















Para encontrar um bom exemplar literário ou realizar pesquisas didáticas, o leitor é obrigado a recorrer às bibliotecas municipais FOTO: ALEX PIMENTEL

Diante de tantas novidades tecnológicas, os jovens estão perdendo o interesse em ir para bibliotecas
QUIXADÁ: Encontrar uma biblioteca nas localidades rurais da região Centro do Estado é como descobrir um tesouro perdido, desses existentes somente nos livros de histórias infantis. A raridade é reflexo do desinteresse das comunidades pela leitura. Alguns assentamentos até tentam estimular os moradores ao hábito por meio de programas especiais, a exemplo da "Arca das letras". Mas além dele, apenas as escolas públicas espalhadas pelas comunidades afastadas das grandes áreas urbanas disponibilizam exemplares didáticos, paradidáticos e obras literárias, nas "salas de multimeios". Mesmo assim, a procura é feita somente pelos alunos.
A explicação para o desinteresse está na tecnologia. Para muitos educadores, tanto jovens como adultos são fascinados pelos equipamentos eletrônicos e suas ferramentas, principalmente a internet. Basta instalar uma lan house ao lado de um espaço de leitura para perceber a diferença. O telefone celular também está habituando as pessoas a se interessarem por outros passatempos. Ficam nos bate-papos virtuais até a bateria acabar ou o sinal do celular falhar.

Para a pedagoga Maria do Carmo Ferreira, será difícil reverter esse hábito. A cada dia esses novos mecanismos expandem seus horizontes. Na localidade de Riacho Verde, onde ela dirige a Escola de Ensino Fundamental Edmilson Pinheiro, não tem sinal da web, mas os mais jovens já comentam sobre a chegada do cinturão digital, uma rede pública de conexão banda larga. Para atrair esse público, a alternativa será a biblioteca online, com direito a comentários e postagens no Facebook, Orkut e outras redes de relacionamento. "Estamos na era da tecnologia. Precisamos nos habituar a ela".

Para quem já está familiarizado com as novidades virtuais, não tem mais retorno. Biblioteca, só de fotos ou de dados. Esse é o caso da estudante Fabiana Moreira. Nunca foi estimulada pelos pais a ter um livro na cabeceira da cama. Mudar essa realidade, com as amigas postando fotos, criando suas próprias histórias, está tornando cada vez mais difícil folhear páginas, por mais interessante que a história seja, confessa. Ela mora na localidade de Veríssimo, na zona rural de Quixadá.

As professoras de Língua Portuguesa e auxiliares bibliotecárias da Biblioteca Pública de Quixadá, Sonia Maria Silva e Maria Auxiliadora da Silva, concordam com a adolescente. Mas há como reverter esse quadro. Sonia avalia o incentivo domiciliar como a melhor maneira de criar o hábito da leitura. A colega de trabalho acredita ser atribuição da escola, mesmo com os apelos tecnológicos. Ela cita como exemplo a biblioteca virtual. Os jovens podem ser estimulados nos laboratórios de informática. A Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel já possui algumas obras disponíveis.

Baixa
Elas enfrentam essa realidade na biblioteca de Quixadá, a qual recebe o nome do padre Fransciso Lameu Ferreira, incentivador da leitura. A frequência de leitores caiu em média 50% nos últimos dois anos. Nesse mesmo período aumentou a preferência pelo laboratório de informática da biblioteca. Em alguns horários chega a lotar. É preciso estipular o período de uma hora para cada visitante. Não bastasse o interesse pela navegação virtual, o acesso à web é gratuito. A maioria procura ler as mensagens do correio eletrônico pessoal, explica Auxiliadora. "Não deixa de ser uma forma de leitura", acrescenta.

Mesmo assim ainda existem leitores resistindo ao modernismo. A universitária Alexandra Rabelo é uma dessas pessoas. Ela está no terceiro semestre da UVA, em Quixadá. No Sítio Toco, uma localidade rural de Jaguaretama situada a cerca de 70Km da sede daquele Município, onde mora, não tem biblioteca. Quando precisa fazer pesquisas literárias, a salvação está sendo a biblioteca de Quixadá. Para ela, se não existe espaço especializado de leitura nas zonas rurais das cidades cearenses é porque não há interesse da população.

ALEX PIMENTEL
REPÓRTER

COM INFORMAÇÕES DO PORTAL REVISTA CENTRAL 



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