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quinta-feira, 26 de julho de 2012

REBANHOS PODEM RECEBER ÁGUA DOS CARROS PIPAS
















Já chamado pelos pecuaristas como "pipa-boi", a medida vai amenizar os efeitos da seca na pecuária
Quixadá Pecuaristas do Ceará têm direito a um programa emergencial de abastecimento d´água para seus animais. A alternativa de assistência aos rebanhos em situação crítica de sobrevivência no semiárido acaba de chegar ao conhecimento do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya.

Foi apresentada pelo coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Hélcio de Queiroz, no último encontro do Comitê Integrado de Combate à Seca. As reuniões são realizadas, semanalmente, em Fortaleza, para avaliar, discutir e aplicar estratégias de convívio em estiagem acentuada.

Conforme o oficial militar, titular da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), o Ceará está cadastrado junto ao Ministério da Integração Nacional para receber recursos destinados ao abastecimento de água para os animais em período de emergência. Resta, porém, os criadores oficializarem suas demandas de necessidades. O processo é similar ao abastecimento de água potável para humanos, o Operação Pipa.

Os interessados podem registrar a situação de seus rebanhos nas secretarias municipais de Agricultura e Pecuária. Outra alternativa é apresentar os relatórios à Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). "Até agora, nenhum Município do Ceará solicitou o abastecimento especial", disse o coordenador.

Os recursos, da ordem de R$ 10 milhões, foram liberados pelo Ministério, para o Governo do Ceará prestar assistência de água na seca. A verba será suficiente para atender às necessidades até fevereiro do próximo ano. A verba especial pode ser destinada ao abastecimento humano e também animal.

"Caberá ao Comitê de Combate à Seca definir suas prioridades e de qual forma haverá a distribuição", justificou o coordenador do Núcleo de Minimização de Desastres da Cedec, tenente Aluízio Freitas. O mesmo valor foi disponibilizado no mês passado para os outros Estados do Nordeste. "O objetivo é atender os Municípios não incluídos na Operação Pipa, coordenado pelo Exército Brasileiro", falou.

A opção é vista pelo representante da Faec como saída para manutenção dos animais. Agora está sendo levada ao conhecimento dos sindicatos patronais espalhados pelo Estado. Poderão articular associados e orientar as gestões municipais. A novidade deverá minimizar os efeitos da seca. Associada à venda de milho subsidiado pela Conab, vai atenuar os impactos. "Será um apoio a mais para pequenos pecuaristas, principalmente, para quem está enquadrado nos padrões da agricultura familiar", avalia Saboya.

Gargalos
Todavia, ele aponta outros três fatores como principais gargalos na pecuária do Estado. A burocracia para liberação dos recursos emergenciais de R$ 20 milhões para o Nordeste é o principal deles. Dos R$ 1,1 milhão disponibilizado a partir de maio para o Ceará, somente 20% chegaram aos pecuaristas. "As exigências são muitas. Quem precisa é obrigado a apresentar projeto, atestado de situação crítica, análise de capacidade de pagamento. As exigências são as mesmas dos períodos de bom inverno. Não há como atendê-las num período tão crítico".

Associado ao primeiro entrave está a necessidade de suspensão imediata das execuções financeiras acionadas pelas instituições oficiais de crédito. A cobrança está sendo feita exatamente no pior período para os criadores. As perdas no Estado por conta da seca são superiores aos 80%, reconhecidas pelos governos Estadual e Federal. Quem está inadimplente não tem acesso ao crédito emergencial disponibilizado pelo Governo Federal. "Como o produtor poderá saldar sua dívida, se ela surgiu em razão da seca?", questiona o presidente da Faec.

O terceiro ponto prejudicial está relacionado ao milho da Conab. Segundo Saboya, além do órgão federal exigir cadastro para os caminhoneiros, muitos deles preferem efetuar o transporte de soja do Mato Grosso e de Goiás para os portos de Santos e Paranaguá. Não retornam "batidos", sem carga, ao ponto de origem. O desinteresse está atrasando a entrega do insumo alimentar a ser transportados daquelas regiões para o Ceará. A Faec aguarda solução. "A Conab pretende regularizar a situação na próxima semana", pontua ele.

Proprietária da Fazenda Russinho, Antônia Araújo da Silva, mais conhecida por Bitonha, ainda não está sofrendo com a falta de ração para seus animais. Ela já demonstra preocupação, mas recebeu com surpresa e alegria a notícia do abastecimento através dos carros-pipa para animais. Ela possui 84 cabeças de gado e outros 87 ovinos.

O açude da fazenda está seco. O jeito foi recorrer a um poço profundo, mas não sabe quanto tempo a vazão vai aguentar. "Havendo possibilidade de fornecer água para o bichos, o sofrimento será menor. Afinal, a sede costuma castigar mais do que a fome. Um animal aguenta até três dias sem comida, mas sem água não passa de um", acrescentou.

O "pipa-boi", como alguns pequenos pecuaristas estão denominado o abastecimento emergencial para os rebanhos, já está se tornando o tema principal das rodas de conversa em sindicatos de trabalhadores rurais e secretárias Municipais do Interior, principalmente, onde a situação é mais grave. De acordo com o vice-presidente da Faec, Paulo Helder Braga, uma das regiões mais afetadas é o Sertão dos Inhamuns. O secretário de Defesa Civil de Crateús, Teobaldo Marques, concorda. Muitos criadores estão transferindo seus animais para o Piauí. Quem não tem essa opção, está vendendo para evitar prejuízos maiores.

A reportagem solicitou detalhes do "pipa-boi" junto ao Ministério da Integração. Até o encerramento desta edição, o pedido não foi atendido.

Mais informações:
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec)
Rua Oto de Alencar, 215
Fortaleza/CE
Telefone: (85) 3101.4571

ALEX PIMENTEL
COLABORADOR

COM INFORMAÇÕES DO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE 

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