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domingo, 30 de dezembro de 2012

O SERTÃO EM PROSA: Da minha rebeldia sem causa?

Imagem: Internet

Sempre digo que não carrego comigo poder nenhum, o que dirá moral suficiente, para sair por aí julgando quem quer que seja – mesmo que seja aquele fulaninho que, cá entre nós, bem que merecia ouvir umas boas verdades ou, ainda, o sicrano que há tempos anda merecendo um bom choque de realidade. Por isso, eu tento controlar bem o meu veneno – que há tempo não vem sendo expelido – e conservando dentro de mim a decepção com a raça humana sempre que vejo um ou outro comportamento indigno se proliferando por aí. Dessa forma, seríamos todos muito mais felizes, correto? Não.

Porque tá errado. Tá errado esse mutirão de coisas que vem acontecendo por aí e que não vejo ninguém, absolutamente ninguém, se manifestar a respeito. Não cabe a mim dizer o quê, onde e com quem: eu já sou dono das minhas próprias causas, assim como todos nós somos bons entendedores do que pode ser moral, ética ou até mesmo vergonha na cara (somos?); então, não me peça para escreve um manual de condutas a serem religiosamente seguidas (Faça o que tu queres pois é tudo da lei?) . E, se tem algo que me enoja, é ver a quantidade de pessoas que deixaram de acreditar em algo que existe dentro de si para ser seguidor de um pensamento alheio – e ainda se acham seguidores de algo, como se fossem raras as vezes que eu vejo alguém se revoltando contra uma atitude que a própria pessoa tem ou sendo contrário a algo sem ter nenhum motivo concreto.

Não estou me isentando de culpa alguma. Eu mesmo já fui um desses meninos que matava aula sem dó nem piedade e fazia questão de estar no grupo dos ''tô nem aí pro que acontece ao meu redor''. Até que um dia eu finalmente percebi que ao invés de transmitir a imagem de ''descolado'' que eu pretendia, eu estava mais parecendo um grande idiota, as vezes acho que ainda pareço um grande idiota, mas “como é que vou crescer sem ter com o que me revoltar?’’ já cantava uma banda de rock dos anos 80. Não condeno ninguém que tem esse estilo de vida, mas a questão é: eu não fazia isso por mim, e sim em detrimento do meio que eu gostaria de estar incluso. Acho que cabe a cada um determinar se há motivações por trás de suas ações, pois, pra mim, homofobia, racismo e preconceito com mulher, são todos galhos de um mesmo tronco: falta de respeito . E, o que de fato acontece é que se eu vejo algum comportamento e o julgo errado, já sou tachado de careta – e, eu sou careta - ou então acabo visto como alguém que ''já se acha grande'' ou ''pensa que é o dono da razão''. Aproveitar a adolescência, curtir o momento ou simplesmente dar um tempo nas responsabilidades, entendam, é diferente de existir por existir. E o pior: ninguém (ninguém!) parece se importar com isso. Reformulando: se importam com o fato de existir alguém que se importa! Dá pra entender? Eu sei, o mundo tá mesmo de cabeça para baixo (assim como essas minhas divagações).

Como ninguém tem obrigação de concordar comigo, se você acha que está tudo certo com o mundo, ok, vá em frente e continue com essa sua fé enorme que eu invejo. Mas eu, ainda que soe bem pessimista, prefiro acreditar que pra muita gente não tem mais jeito: nasceram limitadas e vão morrer limitadas. De qualquer forma, eu venho tentando fazer a minha parte: tracei uma meta e tô trabalhando pra chegar até lá – sem passar a perna em ninguém, sem agressão e, isso é muito importante, me preocupando unicamente com a minha vida. Porque, afinal, eu dispenso qualquer momento de banalidades. Não sei, não sei; acho que tem gente que nasce mesmo com vocação para viver de brisa.




 

Bruno Paulino é Graduando em letras pela Feclesc/UECE.


Cordenador do Projeto Papo Cultural promovido pela ONG IPHANAQ.

 
Escreve aos domingos como colaborador na categoria O SERTÃO

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