Foto: Alex Pimentel
Projeto São José deverá levar água para comunidade em Choró, que espera pelo recurso há mais de um ano
Cinquenta famílias da comunidade de Veríssimo, na zona rural de Choró, situada a 18Km da sede deste Município, lutam pela implantação de uma rede de água encanada. Energia, parabólica, DVD e até telefone celular, eles já tem tudo que a tecnologia moderna pode oferecer, mas ainda não podem lavar as mãos em uma pia e nem tomar banho de chuveiro. "Até agora esperamos pela liberação de recursos para a construção de uma adutora", explica o líder comunitário, Marguezo Gonçalves. Segundo ele, o projeto está paralisado no Governo do Estado desde o ano passado.
Ainda de acordo com o representante dos moradores, o valor da obra está estimado em torno de R$ 200 mil. A Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), responsável pela política de universalização, liberou apenas a metade, beneficiando somente parte da vizinhança. Estes moradores preferiram não aceitar e esperar para que todos sejam beneficiados. Foi assim com a energia elétrica. Esperam o mesmo com relação à rede de água.
Por conta da carência do líquido no início das manhãs, um verdadeiro "congestionamento" de jegues se forma na estrada da pacata localidade. São as famílias, dezenas delas, seguindo para a barragem onde apanham água para uso diário. O sofrimento é repetido todos os dias. Homens, mulheres, crianças e idosos, não importa o sexo e nem a idade, são obrigados carregarem água nas cangalhas de seus animais. Todos sonham com o dia do encerramento dessa rotina.
A aposentada Maria das Dores Bernardo é uma das moradoras mais ansiosas do vilarejo. Ela não entende como a maior represa do Município, o Açude Pompeu Sobrinho, fica tão próximo, a pouco mais de um quilômetro de distância, e o sonho dela tão distante. A peregrinação diária em busca de água para a serventia doméstica é de quase uma légua, mas já está sentido muitas dores nas costas, conforme reclama. Teme não sobreviver o suficiente para abrir a primeira torneira dentro da sua casa. Muitas vezes, quando está assistindo a televisão, prefere sair da sala ao ver cenas de chuveiro. "A tristeza bate nessas horas", afirma.
Noutra sala, a de aula da Escola Francisco Rodrigues Júnior, transformada em uma creche, mais de 30 crianças enfrentam o mesmo problema. Pia até tem, na cozinha e nos banheiros, mas faltam torneiras.
Por ironia, praticamente defronte ao estabelecimento de ensino, um reservatório elevado desativado. "Deveria atender a unidade educacional e a vizinhança, mas nunca funcionou", denuncia a professora Rita Maria Belchior. Ela também não entende o porquê de tanta demora. São promessas de governantes, nunca cumpridas.
São José
Caberá à Coordenadoria Regional do Projeto São José o acompanhamento da obra de construção da adutora e da rede de abastecimento naquela localidade rural. Conforme o articulador do órgão no Sertão Central, Higo Carlos Cavalcante, existem pendências no projeto apresentado pela Associação de Moradores de Veríssimo.
Ele explica que são alusivas às certidões negativas de âmbito federal e estadual. O técnico contratado, de livre escolha dos associados, está adotando as providências necessárias. Em seguida, será encaminhado para a análise técnica da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece).
O coordenador apontou a necessidade de readequação tanto no valor do projeto, quanto no número de beneficiados. O orçamento do empreendimento público duplicou. Será de R$ 424.456,55. Mais 49 famílias terão água encanada nas suas casas, totalizado 91 domicílios atendidos. A rede adutora terá 4.671 metros de extensão e 12.388 metros de rede de distribuição. Uma estação de tratamento e um reservatório elevado para 25m³ complementam o memorial descritivo.
Barragem
Todavia, a fonte de abastecimento será uma barragem existente na comunidade. Ele desconhece os motivos da não utilização das águas do Açude Pompeu Sobrinho. Responsável pela articulação das comunidades e pela fiscalização das obras na região, Higo Cavalcante destacou que na gestão do atual governo, 50 localidades já foram beneficiadas pelo Projeto São José II, em parceria com a Cagece. Em média, 50 famílias em cada uma delas. Abaixo desses números, cabe a Sohidra o acompanhamento dos projetos.
Os recursos são disponibilizados pelo próprio Governo do Estado por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). Entretanto, acrescenta o coordenador, está sendo aguarda liberação de mais U$ 100 milhões só para as obras pelo Projeto São José III.
MAIS INFORMAÇÕES
Associação dos Moradores de Veríssimo, (88) 9224.4482
Coordenadoria Regional do Projeto São José II, (88) 3445.1046
Alex PimentelColaborador
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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